(Guina, 20/06/2001)
Outro dia no mesmo busão
Sem perceber no empurrão você entra
Não se mexe, nem se vira
E quando respira os odores vem
Com os apertos e pressões
Seu pé embaixo
Sua dor em cima
Sua roupa não adiantou passar
Os freios são brutos, rústicos
Nas curvas sem dó
Em cada ponto mais uns
Te espremem mais
E o suor começa a escorrer
E os odores chegam as narinas
E você lamenta ter embaçado na cama
Demorado no banho
E seu bocejo é mais forte
E as horas se passaram
E não voltam mais
Mas você ainda acredita
E reza por isso
E sonha que o trânsito
Seja como num domingo
Mas São Paulo é lenta
E o piloto não é esperto
O atraso é inevitável
E você se desespera
E tem idéias incertas
“que caminhando chegaria mais rápido”
Aí você pede parada
E é cuspido para fora
Por um momento você se sente liberto
Amassado, mas livre
Então, você caminha apressado e feliz
Seguro que estava certo
Pode ser mais rápido que o bumba
E fica imaginando que quem ficou na sardinha
Se lamenta por não ter descido
Deixando o busão para trás
Agora você está a duas quadras a frente
Você é todo orgulho
Até perceber que o que causara lentidão era um acidente
Que estava sendo liberada as três faixas
Então você olha para trás
E ver o busão vindo ligeiro,
Mais rápido como num domingo
De novo você se lamenta e xinga a si mesmo
E quando o bumba passa por você
Você imagina os imprensados
Rindo de você, te chamando de trouxa
Você está ferido, cabisbaixo
Deixa o ônibus sumir
E se apressa e corre feito louco
Uma viatura passando “Uo! Uo!”
Te fazem parar,
Te dão uma geral,
Te pedem documentos
- Pra onde você vai?
- De onde vem?
- Estou indo trabalhar! Você grita
- Estou atrasado, porra! Você se revolta
Você leva uns tapas dos PMs que te mandam embora
Você não sabe se corre, se anda
Se chora, se xinga, se grita ou se manda todo mundo T N C
Daí você chega no trampo
Suado, de cara enxada, ardida e puto
Seu cartão não está lá no relógio
Seu chefe pergunta o que você está fazendo ali
- Vim trabalhar, porra!
- Não, cara. Você foi despedido na sexta-feira. Se esqueceu?
Outro dia no mesmo busão
Sem perceber no empurrão você entra
Não se mexe, nem se vira
E quando respira os odores vem
Com os apertos e pressões
Seu pé embaixo
Sua dor em cima
Sua roupa não adiantou passar
Os freios são brutos, rústicos
Nas curvas sem dó
Em cada ponto mais uns
Te espremem mais
E o suor começa a escorrer
E os odores chegam as narinas
E você lamenta ter embaçado na cama
Demorado no banho
E seu bocejo é mais forte
E as horas se passaram
E não voltam mais
Mas você ainda acredita
E reza por isso
E sonha que o trânsito
Seja como num domingo
Mas São Paulo é lenta
E o piloto não é esperto
O atraso é inevitável
E você se desespera
E tem idéias incertas
“que caminhando chegaria mais rápido”
Aí você pede parada
E é cuspido para fora
Por um momento você se sente liberto
Amassado, mas livre
Então, você caminha apressado e feliz
Seguro que estava certo
Pode ser mais rápido que o bumba
E fica imaginando que quem ficou na sardinha
Se lamenta por não ter descido
Deixando o busão para trás
Agora você está a duas quadras a frente
Você é todo orgulho
Até perceber que o que causara lentidão era um acidente
Que estava sendo liberada as três faixas
Então você olha para trás
E ver o busão vindo ligeiro,
Mais rápido como num domingo
De novo você se lamenta e xinga a si mesmo
E quando o bumba passa por você
Você imagina os imprensados
Rindo de você, te chamando de trouxa
Você está ferido, cabisbaixo
Deixa o ônibus sumir
E se apressa e corre feito louco
Uma viatura passando “Uo! Uo!”
Te fazem parar,
Te dão uma geral,
Te pedem documentos
- Pra onde você vai?
- De onde vem?
- Estou indo trabalhar! Você grita
- Estou atrasado, porra! Você se revolta
Você leva uns tapas dos PMs que te mandam embora
Você não sabe se corre, se anda
Se chora, se xinga, se grita ou se manda todo mundo T N C
Daí você chega no trampo
Suado, de cara enxada, ardida e puto
Seu cartão não está lá no relógio
Seu chefe pergunta o que você está fazendo ali
- Vim trabalhar, porra!
- Não, cara. Você foi despedido na sexta-feira. Se esqueceu?
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